IV CARTA A LA ABUELA
Vó, então… vovô partiu… e fico me perguntando se ele foi ao seu encontro , a quem tanto chamava em seu leito de morte-vida-morte… Será que, no final de tudo, viramos constelações? Desejo que descansem em paz, o que nunca tivemos aqui na Terra. Como de nada sabemos, e eu ainda em pouco acredito, só nos resta mesmo aceitar. Até porque duas vidas tão bem vividas, o que mais merecem é ser descansadas. Nos resta também conduzir nosso legado com sabedoria , o que me parece improvável. Vó, naquele domingo despertei às 4h da madrugada, o horário dos espíritos, dizem os religiosos, o horário dos deprimidos, dizem os cientistas. Para mim é o horário de acordar junto com os pássaros. Chovia e saí fugindo dos fantasmas da noite. Mas o tempo não me deixou seguir adiante, voltei para casa, resfriada e sem o celular, que de tão molhado quanto eu, ficou afogado dentro do arroz, uma técnica infalível. No dia seguinte tive notícias do mundo e soube de tudo....