DOCE FEL

não haveriam esses versos derramados

não fosse o incômodo delírio de minha’alma

esses sussurros que há muito me perseguem

uma tamanha exaltação na hora errada


não é a forma do discurso que se aniquila

não é tampouco a técnica bem paga

nem os traços de tintas rubricadas

que tornam estas letras venenosas


é, antes, a semântica burlada

a sintaxe, febril, adulterada

onde que as palavras já não tratam do que dizem

e o poema já não bebe em fonte sua


esses fantasmas cujas faces já conheço

se tornaram meus amigos confidentes

vociferam de um verbo suplicante

e me fazem sua serva extasiada


doce fel que escorre da minha boca

não me leve antes que eu diga mais uma coisa:

antes tu que uma língua comportada!

 

Morgana Poiesis

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