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II CARTA A LA ABUELA

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  Vó, está terminando o ano e não poderia deixá-lo ir sem te escrever esta segunda carta. Há exatamente um ano, havia te escrito uma primeira, pouco depois da sua partida. Agora consigo ter um distanciamento claro de quem eu era naquele momento, daquela que morreu no ano passado, mas que, neste ano, não morre mais. Ainda bem que temos a música popular brasileira, não é, vó? A vontade de te escrever continuou, até que encontrei o livro Cartas para minha avó , da jornalista e filósofa brasileira Djamila Ribeiro, uma referência no feminismo contemporâneo, que muito me inspirou, me estimulando a prosseguir com essas cartas para a senhora. Te escrever é profundamente terapêutico para mim, sinto que somente agora poderia fazê-lo. Não é porque a senhora jamais leria as minhas cartas em vida, já que não acessou o direito de saber ler, nessa língua colonizada, vó, mas porque agora posso te contar algumas coisas, memórias que latejam no corpo-mente de uma m