des-ilusão
Não sei, exatamente, quando foi que me desiludi com a humanidade. Só sei que foi com ela, essa senhora de quem sou filha, que me desiludi, profundamente. Houve um tempo, em que eu me apaixonava pelas pessoas, elas me pareciam especiais. Certa vez, uma amiga me disse que eu via uma especialidade em cada pessoa. Eu via mesmo. Talvez eu focasse no que elas pareciam ter de especiais, ou até tivessem, talvez eu projetasse nelas algo de especial que havia em mim. De tanto me encantar com as pessoas, me desencantei com elas. Romantizar as relações humanas é a maior das ilusões. Vi deslealdade camuflada de companheirismo, vi disputa camuflada de liberdade, vi aprisionamento camuflado de cuidado, vi interesse camuflado de admiração, vi falta camuflada de afeto, vi abuso camuflado de confiança. Vi dissimulação onde julgava haver franqueza, vi a crueldade refletida no meu rosto. Vi a morte, algumas vezes, ela me revelou o segredo da vida. Hoje, vejo o mundo através da lente do dese