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Mostrando postagens de junho, 2021

DE UMA POLÍTICA DOS AFETOS A UM ESTADO LIVRE

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  A questão ético-política em Espinosa atravessa concepções de afeto e de Estado, tendo em vista a liberdade humana nas relações sociais. Em seu livro Ética, o filósofo holandês elabora conceitos de Deus, da natureza, da origem da alma e das afecções, bem como de suas forças, donde a servidão humana, e por fim, da potência da inteligência ou da liberdade, fundamentada nos desígnios da Razão. Propondo uma compreensão de nossos afetos a partir não apenas dos seus efeitos, mas também de suas causas e essências, Espinosa propõe gêneros sucessivos de conhecimento da alma, a partir dos quais alcançaríamos o governo de nossas emoções, a liberdade humana, fundamentais para a constituição de um Estado livre. Os conceitos esboçados na Ética são empregados por Espinosa em seu Tratado Político, texto interrompido em virtude do fenecimento do filósofo. Trata-se de um esboço sobre os princípios fundamentais de alguns gêneros de Estado, transitando por conceitos pertinentes ao campo da política, como

CARTA PARA ARTAUD

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  Querido Artaud, (…) é madrugada e as sirenes me despertam nessa noite branca, não sei como explicar as noites brancas, senão pela ausência da lua, ela se dissolveu na imensidão do céu, não há remédio para a noite desfalecida, não há esperança para o dia que nasce, nem para a vida que passa dia após noite, há uma vazio que me toma a cada passo e escrevo para reinventar esse vazio, pois é o que me resta, escrever, em terras frias onde o corpo não dança, ele se encolhe feito caracol, estou resignada, nada me leva a nada, senão alguns sorrisos forjados, alguns elogios de quem nada sabe de mim senão por aquelas imagens produzidas pelo imaginário coletivo, histórias inventadas, as pessoas produzem a mídia e a mídia é feita de imagens, agora somos nós quem (re)produzimos essas imagens, o dia nasce e não há perspectiva outra senão essa solidão cruel e antiga, quantas vezes eu ignorei a sua face sempre presente, eu não tinha coragem de olhar nos seus olhos profundos e negros,