estÉTICA do girasSOL
(…) nunca nos denominamos anarquistas ou feministas ou etc, embora
emergisse em nós, com uma força, até mesmo, violenta, como não
poderia deixar de ser, a inspiração de uma liberdade jamais
alcançada nas relações sociais que constituímos, no decorrer da
história. A despeito dessa nossa indisposição às classificações
de qualquer gênero, somos alvo de projeções dos mais diversos
títulos. Nossa vida nasceu antes de qualquer filosofia, como uma
arte natural esculpida pelos caminhos que abrimos ao dançar. Temos
visto jovens cristãos carregando verdades e certezas, o peso
simbólico da cruz. Ainda somos queimadas na fogueira, condenadas
pelo fantasma da culpa. Temos perdido o tempo capitalizado, com todos
os riscos da nossa (in)consciência. Temos remado devagar e, por
vezes, silenciosamente, atentas às curvas das paisagens, às linhas
em volta do horizonte, nessa contra corrente, onde não há conforto,
nem ambição, nem mesmo uma direção certa, pois viver não é
preciso. Temos enfrentado, todos os dias, as opressões dos homens,
das mulheres e da moral excludente dos casais. Vivemos às ruínas do
planeta. Nos restam a melancolia e o hedonismo dos contemporâneos.
Nos restam, também, os sonhos e os devaneios dos extemporâneos. Se
ainda temos disposição para sonhar, é porque a razão não nos
convenceu, em nome das civilizações, e porque ainda não sabemos
amar.
Agora temos algumas questões: diante da crise ecosófica (social,
ambiental, subjetiva) que enfrentamos, com o declínio de
organizações sociais básicas como a família e o Estado, ainda que
estejamos submetidas a uma imagem ideal de ambas, como criar
alternativas sustentáveis a essas estruturas burguesas desde as suas
concepções? Que tipo de autonomia e liberdade podemos produzir sem
cair em um individualismo do EU ou em uma servidão do OUTRO?
Desejamos, ainda, a democracia representativa, ao sabê-la fadada aos
círculos viciosos de si mesma, em um duelo de direita-esquerda
apaixonadas pelo centro do poder? Podemos sonhar uma nova
humanidade-sociedade?
Enquanto não tivermos respostas, plantaremos girassóis...
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