As mascaradas
Performance: Morgana Poiesis e Denise Santos |
As
mascaradas é uma performance artística na qual duas mulheres
experimentam uma relação criativa possível entre o silêncio e a
cidade, em tempos de pandemia. Vestidas com máscaras, meias e luvas,
as mascaradas aparecem nos campos e bosques vazios da cidade.
Encontram nas árvores de eucalipto proteção contra um vírus que
ameaça a existência da humanidade no planeta. As mascaradas não se
comunicam por palavras, apenas por gestos, sons e onomatopéias. Ao
fundo e ao longe, imagens da cidade em movimento, na trilha uma carta
sussurrada para ela. A partir de um plano de 2m, em um lugar ermo,
quais relações estéticas são possíveis entre as câmeras, as
mascaradas e as cidades?
As
mascaradas são uma versão assumidamente feminina dos mascarados,
oriundos de uma tradição popular do estado de Goiás, personagens
das Cavalhadas, citadinos que vestem essas máscaras denominadas
catulés, representando a participação nos negros e pobres
nas festividades e disputas das elites locais. Também nos inspiramos
nas performances artísticas contemporâneas dos coletivos
feministas Pussy Riot (Rússia) e Guerrilha Girls (Estados Unidos).
Nossa
experiência com os mascarados foi iniciada durante uma participação
no Curucucú ou a rua que habita em mim, desenvolvido pelo Guaimbé,
em Pirenópolis-GO, bem como nossa imersão na festa popular da
cidade que inspirou o projeto. Na tradição popular, as máscaras e
figurinos anulariam a identidade e o gênero dos mascarados, embora
figurem tal como os operários das pedreiras, na vida real da cidade.
Implicadas
com a participação das mulheres desde a cultura popular até a arte
contemporânea, reperformamos As Caracacás em Brasília-DF,
introduzindo meias, cores e vestimentas tradicionalmente femininas a
quem assim desejasse.
Esta
terceira experiência com As mascaradas, como artistas independentes
movidas pelas artes dos encontros, criações compartilhadas e
espíritos nômades, acontece na cidade de Vitória da Conquista-BA.
A trilha da carta sussurrada para a cidade atravessou paisagens de
performances literárias e cênicas anteriores, assim como as
mascaradas. Recompusemos os elementos desses trajetos artísticos, as
pessoas, as cartas, os sussurros, as mácaras, as ruas, no atual
contexto de pandemia mundial, em que as relações como o eu, o outro
e a cidade precisam ser reconfiguradas. Dentro dessas condições,
desejamos experimentar novas possibilidades de ser, estar e criar, em
relação a si e ao mundo.
Link para vídeo: as mascaradas
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