IntermedialoGIAs





Trata-se de uma pesquisa sobre o Grupo de Interferência Ambiental-GIA, na qual adotou-se
uma perspectiva poético-conceitual fundamentada pela “ecosofia” de Felix Guattari, entre outras
influências. Fez-se uma leitura das interferências do GIA como poética micropolítica na arte
contemporânea, a partir de um método prático-teórico, no qual foi realizada uma imersão da
pesquisadora junto ao grupo, nos anos de 2011 e 2012, em Salvador e Cachoeira-BA. Foram
selecionadas interferências que aconteceram nesse espaço-tempo, a saber: Samba GIA, Cerveja
GIA, Caramujo, Quartel General, Carrinho, Pic Nic, Judas, Cabine DR e Flutuador, bem como o
bloco de carnaval De Hoje a Oito e a Feira de Artes, Maravilhas e Esquisitices. O corpus teórico
da pesquisa, produzido a partir da articulação de referências na arte e na filosofia contemporâneas,
enfatizou questões estético-políticas trazidas no encontro sujeito-objeto, bem como questões
metodológicas e epistemológicas que determinam o caráter poético-conceitual da cartografia como
método e forma de pesquisa, inspirado em Suely Rolnik. São trazidas as proposições de alguns
artistas da vanguarda brasileira, como a Interferência Ambiental, de Hélio Oiticica, bem como as
poéticas de Lygia Clarck e Cildo Meireles. Essas referências estão articuladas com a “estética
relacional” como teoria da forma, de Nicolas Bourriaud, e com a estética como forma de
socialidade sugerida por Michel Maffesoli e Michel de Certeau. São utilizados os conceitos de
“heterotopia”, de Michel Foucault e de “rizoma” e alguns dos seus princípios derivados, como a
“heterogeneidade” e a “multiplicidade”, de Gilles Deleuze & Guattari. A multiplicidade é trazida,
também, por Ítalo Calvino como uma das propostas para o nosso milênio. Nesta cartografia poética,
propõe-se, ainda, uma epistemologia da arte, na qual a performance é a expressão artística da
“complexidade”, conceito apropriado do pensamento de Edgar Morin, revelado em linguagens
múltiplas e em estudos que pressupõem uma escrita performativa. Esta cartografia constitui-se em
uma leitura crítico-criativa da passagem poética pelo GIA, revelando uma performance de
resistência à capitalização da arte e das relações sociais pela mídia e pelo mercado cultural,
podendo trazer contribuições relevantes para o desenvolvimento dos Estudos da Performance, no
âmbito local-global das Artes Cênicas.




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