FABULAÇÕES DE OUTONO



Ninguém poderia mensurar o tempo passado em pandemia. Fora o necessário para uma recomposição entre o ser humano e o planeta Terra. A humanidade se comprometeria a uma reconciliação com a natureza. Tivera que renunciar às suas aspirações antropocêntricas. Desde então, nunca mais seria a mesma. As pessoas saíam às ruas como se estivessem em um novo mundo. Elas viam as árvores que nunca tinham visto, as flores invisíveis. O amor resistira à suspensão dos encontros, os desafetos caíram por terra, os crimes de honra prescreveram, vivia-se em um estado de anistia mundial. Não houvera vencedores para os jogos de poder, todos entregaram as suas lanças. Houvera uma perda irreparável. Suas memórias eram celebradas com danças e cânticos sagrados. Novos sentidos inspiravam a vida pós-tudo.

Morgana Poiesis, 2020.

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