A FEIRINHA DO BAIRRO BRASIL
A FEIRINHA DO BAIRRO BRASIL
das feirinhas de Conquista
tem uma em especial
cuja história vou contar
do começo ao final
desde a década de 50
até o momento atual
lá no Bairro Brasil
onde não tinha comércio
comprar era tão difícil
que eles deram então um jeito
de fazer uma feirinha
para o povo comprar perto
o feijão, carne, farinha
alface, tomate e coentro
foi em 12 de agosto
o domingo inaugural
no ano de 56
e a festa foi geral
pois quem antes ia ao centro
fazer feira, afinal
ficou por ali mesmo
na quitanda do quintal
e a feira aumentava
lá tinha prosa, tinha rabada
tinha produtos mais baratos
tinha cerveja bem gelada
tudo que ainda tem hoje
quem quiser, vai dar uma olhada
aos domingos os feirantes
iam vender o que fartava
dos produtos da semana
do Alto Maron e do Ceasa
e também da Patagônia
outras feiras que integravam
as feirinhas da cidade
eram quatro, minha comadre
a feirinha é muito antiga
pois nasceu junto com o bairro
aquelas compras tão difíceis
depois disso foi mais fácil
pois era mesmo de carroça
que o povo ia pro mercado
do outro lado da cidade
antes da feira do bairro
na praça Abdias Menezes
fizeram a inauguração
o bairro era Gerson Sales
quando um tal Nelson Gusmão
o prefeito da cidade
fez a feirinha ali então
e o bairro mudou de nome
era toda uma situação
dois anos se passaram
teve outra construção
foi a do Mercado Público
um espaço com galpão
que até hoje ainda existe
tem freguês e tem peão
e a feira foi crescendo
se espalhando a todo lado
foi tomando as avenidas
Itabuna, Ilhéus, Brumado
Deraldo Mendes, Terezina
Ceará, todas do bairro
lá na Abdias Menezes
a praça que ainda existe
tem uma feira curiosa
de um povo que não desiste
de vender seus cacarecos
tudo por um bom palpite
essa é a Feira do Rolo
onde o troca-troca insiste
é coisa nova, é coisa velha
tem de tudo o que existe
tem até coisa quebrada
só não tem quem saia triste
pra ter barraca na feirinha
tem que ter cadastramento
que se faz na prefeitura
esse é o regulamento
mas tem um monte de barraca
que lançou isso pro vento
tem amarela, azul, vermelha
pequena, grande, um sortimento
é barraca de todo lado
que se vê a todo momento
os barraqueiros da feirinha
vem de tudo o que é lugar
Campinhos, Lagoa das Flores
eles vêm pra trabalhar
Anagé, Barra do Choça
muita gente vem tentar
uma chance na feirinha
eles vêm pra batalhar
o que falta na feirinha
é uma associação
é o povo organizado
pra fazer uma discussão
sobre uma coisa que os feirantes
relataram em ocasião
de entrevistas, contestaram
sobre a própria condição
disseram que ser feirante
é difícil, sem patrão!
e quem pensa que na feira
só tem verdura, acerola
se espanta com tanta coisa
que tem lá, pois tem viola
tem almoço, tem bodega
tem pinguço a qualquer hora
o negócio corre solto
tudo é moeda de troca
lá tem toda a informação
quem conhece diz que aprova
tem uma coisa lá na feira
que chamou a atenção
é que há muita gaiatice
é meu bem, amor, paixão
dizem até que vez em quando
chega a dar uma confusão
mas quem é mesmo que não gosta
de um chamego, uma saudação?
e assim é o mercado
com a sua dama, a feirinha
tem conversas, tem histórias
tem verduras bem fresquinhas
tem vitrola, tem maluco
tem feijão e tem bacia
meu povo então vambora
que também tem boemia!
Morgana Poiesis, 2007
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