FLOR DE SANGUE
Flor de sangue
era uma sambada de coco em dia santo
onde o amarelo do amor resplandecia
moças rodavam as suas saias coloridas
dançavam todos aos batuques da alegria
às palavras proferidas pelos mestres
que cantavam toda a sua sabedoria
eis que desceram a ladeira da vingança
sob a colérica cegueira que vestiam
homens rompendo a multidão inebriada
atirando todo o ódio que traziam
o pandeiro se calou à triste imagem
a Mãe deixou o pranto pra mais tarde
e ao chover também chorou uma filha sua
o corpo ora tombado na calçada
rodeado por espanto e desalento
fora embora carregado em procissão
nasceram órfãos do Brasil naquele dia
e muito embora sufocada a poesia
era uma flor de sangue no seu peito que gemia
mas não, Carlos, não era o leiteiro que partia…
Morgana Poiesis, Olinda-PE, 2009.
Comentários
Postar um comentário