PALAVRA SOPRADA

 

não tenho pudores

dos versos proibidos

das palavras roubadas

do que os olhos não veem


também não lastimo

as veias estouradas

as pálpebras trêmulas

a falta de ar


era noite, então

à sombra de uma melodia fina

e minúsculos prazeres me espreitavam


não pouparei nenhuma pétala ferida

todo o suor derramado

nem mesmo o grito colérico

o estado febril

o pavor de quem ama


por certo gozarei ao sabor do pecado

se quer queimarei os papéis rabiscados

não me supliqueis o último juramento!


contentai-vos com certas expressões balbuciadas

nascidas em um tempo muito antigo

do qual já nem eu tenho memória


e perdoai nelas qualquer dose de pura intensidade

força, desejo, crueldade

sopro, palavra soprada


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